BRUNO ASTUTO
O cantor e ator investe no teatro e fará peça sobre Chet Baker, em que interpreta o lendário trompetista
Paulo Miklos diz que não se achava pronto para fazer teatro, mas
não resistiu ao convite para viver Chet Baker (Foto: Divulgação)
Desde que estreou como ator no filme O invasor, de 2001, Paulo Miklos vinha se alternando entre a carreira de cantor, ao lado dos Titãs, e alguns papéis no cinema. Chegou a hora de ele desbravar o teatro com a peça Chet Baker – Apenas um sopro, em que interpreta o lendário trompetista, figura ímpar do jazz. O espetáculo estreará em outubro no CCBB do Rio de Janeiro.
"Não me achava pronto para o teatro, mas surgiu o convite para fazer especificamente um músico, um ambiente já conhecido meu", conta ele, recém-saído da banda que o consagrou, sem mágoas, ele jura. "Quando chegou a decisão, não foi um susto."
Paulo Miklos (à esq.) posa com os integrantes dos Titãs em seu último trabalho
com o grupo (Foto: Marcos Hermes / Divulgação)
Não foi traumática a saída dos Titãs?
A gente sempre conversou muito sobre isso. Ao longo do tempo, fizemos projetos paralelos, discos individuais, livros. Foi tudo muito conversado. E somos mais do que amigos. Descobrimos tudo juntos; casamos, tivemos filhos. É uma grande família. A porta ficou aberta.
O desejo de sair partiu de você?
Sim. Bateu o sentimento de que cumpri uma etapa. Foram 34 anos, uma vida toda. Decidi sair por causa dos projetos. Estar na banda significa que você precisa estar à disposição. Estava com vontade de experimentar coisas que não são só rock. Tenho a televisão, as séries. O lado ator me pegou de jeito.
Paulo Miklos aprova a escolha de Beto Lee, filho de Rita Lee, para
ficar em seu lugar no grupo (Foto: Reprodução Instagram)
O que você achou da entrada do Beto Lee no grupo?
Conheço bem o Beto, acho que foi legal. Assim como para mim se abre um universo com minha saída, para eles, algo também se renova. Beto é rock’n’roll, tem esse sangue que corre nas veias. É bom guitarrista e também canta. Eu acho que eles estão num processo de reinvenção. Eu, como sou muito fã, vou ficar de olho.
Identifica-se com Chet Baker de alguma forma?
Eu me reconheço nele, sim. Minha história é de ensaios e encontros em grupo. Tem a coisa da fama, de você aceitar a adulação; isso vem junto com a carreira. Quis ser músico muito cedo. Tem um deslumbramento, a farra. Confesso que vivi tudo isso intensamente, foi um período divertido. Não tinha nem ressaca moral.
FONTE: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/bruno-astuto/noticia/2016/09/paulo-miklos-aprova-beto-lee-em-seu-lugar-nos-titas-ele-e-rockn-roll.html